O menino Agenor cresceu...Depois de compreender a Vida que passava em sua horta e de conhecer a Ilusão e a Babel num passeio no circo, Agenor tornou-se um homem tranqüilo e feliz.
Freqüentemente era procurado por pessoas que queriam saber como ele conseguia viver em paz num mundo tão complicado, tão cheio de disputas, tensões e cobranças.
E as pessoas perguntavam... e Agenor, sempre solícito, respondia :
— Agenor, como eu faço para conseguir essa sua paz ? Qual é o caminho ?
— O Caminho está diante de nossos olhos.
— Mas aonde que ninguém consegue ver ?
— Realmente niguém vê o Caminho, mas o problema não está no Caminho, está nas pessoas que estão cegas para ver o Caminho.
— Cegas como, Agenor ? O que você quer dizer com isso ?
— Cegas porque confundem suas ilusões com a realidade. Todos nós vemos o mundo dividido em pedaços separados, dizendo que isto sou Eu, aquilo é Você e aquilo outro é o copo de água e que nós bebemos a água para matar a sede. Tudo tem sua causa. Tudo bem arrumadinho como num quebra-cabeças bem montado. Mas são estas figuras ( Eu e Você ) que enxergamos que nos impedem de ver a realidade inominada que está por trás desse quebra-cabeça. É dentro desta realidade que está o Caminho. Não se pode vê-lo quando se está preso às nossas ilusões.
— Você está falando como um yogue, Agenor. Quer dizer que o Caminho está escondido para nós. Mesmo porque se não estivesse, todos o veriam e ninguém precisaria perguntar por ele, né ? Como alguém pode fazer para ver o caminho, Agenor ?
— Deixando de dividir o mundo em partes. Deixando de por rótulos nas coisas, por exemplo me chamando de yogue. Deixando, principalmente, de chamar alguma coisa do mundo de Eu ou de Você.
— Do jeito que você fala parece que é muito fácil. Você quer dizer que quando não tem o Eu e o Você e tudo o mais, então se pode ver o caminho ?
— Querido... quando não tem um Eu ou um Você, quem é que quer ver o Caminho ?