Foi indiscutível a celeridade que os psefógrafos do TSE
imprimiram às eleições. Contudo, se o que se busca naquelas máquinas vai além do deslumbre
com coisas tecnologicamente avançadas, a garantia de que haverá respeito à vontade popular
impõe limites às vantagens oferecidas pelo automatismo.
Ocorre que os milagrosos efeitos do autômato, os quais levaram muitos a verter baba de espanto,
possui nas suas entranhas várias possibilidades de operar a vontade popular, mudando-a,
deturpando-a, fazendo da maravilha do TSE também capaz de operar como um “presente de grego”.
Será que alguém se utilizou desta, digamos, utilidade oculta da coisa ? Será que aquela
coisa mudou em algum lugar deste Brasil-de-meu-Deus, a vontade popular ?
Ninguém sabe. As autoridades dizem que não palavra do TSE.
Mas até onde podemos confiar na calejante afirmação “as urnas eletrônicas são seguras” ?
Terão as nossas autoridades capacidade suficiente para afirmar categoricamente tal coisa ?
Não ! Não têm.
São capazes de garantir o bom funcionamento processo, mas jamais o das máquinas.
Quem tem poderes sobre as máquinas não pertence aos quadros do TSE. Imaginem! Que perigo!
Neste mister as nossas honradas autoridades estão no mesmo nível do mais lhano eleitor podem ser
engazopadas. Padecem do mesmo mal conhecem a utilidade primeira da coisa, aquela para qual foi
construída, a apregoada, mas nada sabem nada sobre as possibilidades e as potencialidades da coisa.
Eis o risco !... Aquelas máquinas nada mais são do que computadores. Computadores que se
pretendeu e construiu dedicados a função de psefógrafos. Ou seja, uma máquina que
tem a capacidade de coletar e contar votos.
Computadores funcionam segundo uma sucessão de ordens as quais chamamos de programa se
mudarmos o programa a máquina pode mudar sua função é possível fazer com que
as máquinas do TSE funcionem como calculadoras fora do período eleitoral, por exemplo. Quem
sabe esta idéia seja útil ? Se a eles acrescentarmos um programa eles acrescentam mais uma
função a urna do TSE pode ser calculadora, urna, relógio e brinquedo.
Simultaneamente ?! Sim! Simultaneamente!
O limite das funções possíveis, adicionáveis, àquelas máquinas pende unicamente à
criatividade e à vontade do programador.
Observem o programador fazer a máquina executar muitas tarefas; na prática as que
desejar ou as que lhe seja ordenado a fazer. As máquinas são flexíveis e dóceis
obedecem sempre. São engenhos equipados de memórias, mas não de consciência.
Estas tarefas podem ser planejadas para estarem à vista
ou ocultas. Podem também serem construídas para que só
funcionem em um dado espaço de tempo e em seguida
esta, digamos, utilidade, se auto extinguir sem deixar
rastros. Por exemplo ele pode conter um joquinho que só
funciona das 900 às 915, permitindo o lazer de alguém,
e, em seguida o brinquedo desaparecerá dos arquivos da
máquina sem deixar nada que permita saber que ele existiu. Formidável ! não ?
Observe que no lugar do joguinho pode ser instalado algo que corrompa os dados do computador.
Simbolicamente é corretíssimo afirmar-se que a
consciência da coisa, a capacidade de censurar, espelha
a consciência, o moral, o civismo dos seus inventores e
programadores, portanto pende à índole dos humanos,
que pode ser boa ou má. Eis o busílis da questão
programadores são homens, portanto são corruptíveis.
O maior defeito daquelas máquinas reside no fato de elas
não produzem uma contra-fé, ou seja, o resultado por
elas apresentado tem que ser aceito como verdadeiro tenha sido corrompido ou não.
Mas o que vem a ser uma contra-fé (ou contraprova) ?
Contra-fé é algo possibilite verificar se o que a máquina
armazenou eletronicamente e apresentou como resultado,
corresponde a realidade da votação. Ou seja, contra-fé
são os votos físicos dos eleitores, portanto, algo possível
à visitação dos humanos. É pois, a prova material de que
a máquina desempenhou bem seu papel.
O TSE argumenta que seu sistema é seguro. Em tese
pode até ser. Mas o TSE ao abdicar desta possibilidade
restringiu a capacidade do eleitor fiscalizar o processo
eleitoral aos indivíduos versados em informática e
hardware. Aquelas máquinas podem ser viciadas nos
programas, ou seja, no processamento da informação, ou
no hardware, ao nível dos componente físicos. Pois bem !
Contam-se nos dedos, sobrando muitos, as pessoas que
reúnem estes dois conhecimentos (informática e
hardware); mesmo nas grandes cidades. Ou seja, são tão
poucas pessoas no País dotadas deste cabedal que,
todas, juntas, cabem folgadamente em qualquer modesto escritório.
Assim aquelas máquinas deveriam possuir uma forma pela
qual um eleitor simples, mortal comum, alfabetizado e
capaz de contar, pudesse verificar se o que a máquina
apresentou como resultado (boletim de urna), no fim da
votação, é verdadeiro ou não.
Esta é a proposta do Fórum do Voto Eletrônico ()
instância da Internet que reúne cidadãos, técnicos,
jornalistas e juristas onde esta questão está sendo
discutida e as conclusões chegadas são apresentadas de
alguma forma ao TSE.
O que foi proposto por este Fórum ao TSE ? Foi proposto
a instalação de uma impressora em cada urna, onde o
voto de cada eleitor seria impresso e a ele (ao eleitor)
apresentado permitindo que ele verifique se o que foi
impresso corresponde à sua vontade, em sendo ele
confirma e a própria máquina deposita este impresso
numa urna semelhante as antigas urnas de pano. O
conteúdo desta urna seria a contra-fé da máquina. Simples, não ?!
Porém a realidade daquelas máquinas é outra não há
como se proceder uma recontagem. Elas nos apresentam
apenas totais, não são urnas portanto, posto que não
guardam nada que possa ser revisitado ou recontado, só
permitem reler o que elas se nos apresentaram como
resultado no fim da votação. E a garantia de que as
máquinas não foram viciadas reside única e
exclusivamente nos fios do bigode do TSE e dos seus técnicos.
Isto é muito pouco! Se tivermos em mente a conduta dos
atores da seara política no Brasil e os interesses
econômicos envolvidos nos processos eleitorais.
Convenhamos, diante desta realidade toda aquela
maravilha do TSE é insuficiente para garantir ao eleitor
que sua vontade está sendo respeitada.
Em verdade, considerando a capacidade do eleitor típico
brasileiro fiscalizar o destino do seu voto, aquelas
máquinas são tão ou mais sujeitas às fraudes que as
antigas urnas de pano. Sequer as nossas autoridades
também estão capacitadas para tanto. Posto que estão a
mercê da palavra de alguns gênios contratados pelo TSE
os construtores e programadores da coisa. Dizem que a
coisa é obra de trinta gênios. A vontade do povo depende da honestidade de trinta indivíduos.
Todos as fraudes praticadas no passado de certa forma
ainda são possíveis naquelas máquinas são as violações
de “baixo nível”, como as denominam os técnicos em
segurança de dados. Os Senhores apontaram algumas
“As possibilidades de fraudes denunciadas”.
Em adição aquelas máquinas permitem as fraudes que
poderemos chamar de fraudes de alta-tecnologia, ou de
alto-nível. Estas inteiramente imperceptíveis aos leigos
em informática, e difíceis de serem descobertas pelos
mais capazes sábios em informática.
Computadores são programados através do uso de
pseudo-linguagens estratificadas, as quais as máquinas
convertem em um código numérico complicadíssimo,
praticamente incompreensível à mente humana alto-nível
(linguagem próxima da humana, p.e., C++), médio-nivel
(assembler), baixo-nível (código numérico).
Certamente agora os Senhores estarão concluindo que a
solução será examinar todos este códigos antes das
eleições. Seria !!! E os explico o porquê deste futuro do
pretérito seria.
Ocorre que na prática o arquivo fonte, aquele que contém
as instruções em linguagem de alto nível, a qual vai ser
traduzida para a de mais baixo nível, o código numérico,
não é suficiente para que alguém garanta que não
ocorrerão vícios quando da compilação (da tradução),
quando então milhares de linhas de instruções serão
traduzidas, portanto convertidas em milhões de números.
Saibam, Senhores, seria examinando estes milhões de
números, as micro instruções das máquinas, que se
poderia pensar em certificar o correto funcionamento da
coisa. Meses, anos, ocupando um elite de analistas de
microcódigos seriam necessário. Posto que este exame
eqüivale ao de se buscar uma agulha num palheiro.
Asseguro-os que, na prática, seria um trabalho inútil
posto que teria o tempo e o cansaço dos analistas como
inimigos. Em síntese, aquelas máquinas em sendo viciadas
só o fraudador saberá onde reside o vício.
Mais ainda as máquinas podem ser viciadas nos diversos
dispositivos que ela contém. Será que não teria uma
grande fabricante de chip interessado de influir numa
eleição brasileira ? Na oitava economia do planeta ?
Pois bem, nem o código fonte foi examinado
verdadeiramente. Cabia ao TSE permitir apresentar aos
partidos todos os programas instalados naquelas
máquinas. Acabou apresentando apenas uma parte,
deixando de apresentar outras sob a alegação de que
naquelas residiam a segurança a garantia de
inviolabilidade da coisa.
Observem. No fundo o TSE chamou a si a garantia de que
a coisa não contém vícios. Também trouxe a si as
desconfianças. Posto que ele e só ele, o TSE, detém a
capacidade de garantir que a coisa é isenta de vícios. Eis
a Espada de Dâmocles sob a cabeça do TSE.
Mas se perguntarmos a qualquer pessoa minimamente
versada em informática se aquelas máquinas são sujeitas
aos vícios ou não, e se este honestamente se
pronunciar, dirá que sim. E são.
São pelo fato de que elas em princípio obedecem aos
programadores. Em várias instâncias a segurança pende à
máquina em si (o hardware), os controladores de
dispositivos (os drivers), o compilador (programa que
converte as pseudo-linguagens em linguagem da
máquinas), e por fim, ao programa instalado propriamente dito.
E bom que tenhamos sempre em mente que este cipoal
contém milhões de instruções isto ao nível da máquina.
Muitas delas desconhecidas até pelos atuais
programadores da coisa, posto que estão contidas em
chips, compilador e controladores de dispositivos. Em
verdade ninguém tem controle sobre a coisa. Esta é a
única verdade sobre a coisa.
Observem que o próprio TSE pode ser vítima de um vício
juiz algum detém saberes para prever um vício. Nem
mesmo os gênios do TSE o vício pode vir plantado nas parte adquiridas.
É bom que se tenha em mente que todos e qualquer
arquivo instalado naquelas máquinas é capaz de portar
um vício. Inclusive as ingênuas fotografias dos candidatos.
Este vício, refiro-me a possibilidade viciar as máquinas
através das fotos e um pequeno aplicativo instalado nas
máquinas, é na prática impossível de ser descoberto.
Posto que é possível viciar umas máquinas e outras não.
É possível fazer com que os votos de um dado candidato
sejam computados para outro, ajudando uns prejudicando
outros. É possível mudar a vontade popular
seletivamente num bairro, numa cidade ou região.
Da mesma forma que, por defeito, por falta de uma
contra-fé, ninguém pode afirmar que houve fraude, não
me parece honesta a afirmação de que aquelas máquinas
são imunes aos vícios.
Então ? Não existe solução para aquelas máquinas ?
Existe. Basta que a máquina produza uma contra-fé e que
esta seja examinado pelo próprio eleitor. Pronto! As
fraudes de alta-tecnologia desaparecerão. Resta-nos
saber por que o TSE reluta em adotar isto.
|