Jornal do Voto-E

Recorte da     Folha de São Paulo
São Paulo, 15 de Outubro de 2000

Entenda a questão da segurança
Da Redação

[Página original]

Processo digital impede recontagem de votos

RECONTAGEM
As urnas eletrônicas, por contabilizarem automaticamente cada voto, não permitem recontagem
RISCO- Para o perito da Polícia Civil Carlos Coana, eventuais erros ou fraudes na programação poderiam desviar votos, já que o que aparece na tela não é necessariamente o que é processado. O ideal, para ele, seria imprimir todos os votos.
RESPOSTA- Oswaldo Imamura, um dos responsáveis técnicos pela urna, afirma que o risco sempre existe e que técnicos analisam os programas várias vezes. Para ele, a saída é a análise exaustiva do programa, já que a impressão e a recontagem foram afastadas devido ao tempo e aos custos envolvidos.
OUTRO LADO- Coana afirma que a segurança das eleições não pode ser decidida com base em custos.

FISCALIZAÇÃO DOS PARTIDOS
Os partidos precisam de técnicos especializados para fiscalizar os programas das urnas.
RISCO- Os partidos não têm técnicos preparados para a fiscalização. Para Coana, ela deveria ser feita com mais tempo, já que exige uma análise técnica detalhada dos programas. Sem fiscalização completa, diz, a segurança depende da confiança depositada nos responsáveis pelo sistema.
RESPOSTA- Imamura diz que, por seis dias, o TSE mantém uma sala aberta aos fiscais dos partidos para que o programa seja examinado. Como ele é produzido em módulos, a fiscalização ficaria mais fácil.
OUTRO LADO- Márcio Teixeira, técnico convidado pelo PT para fiscalizar as urnas, afirma que não são dadas garantias de que os programas examinados serão exatamente os mesmos instalados nas urnas. Imamura afirma que foram reparados pequenos erros na programação após o exame, e ESSAS CORREÇÕES NÃO FORAM LEVADAS AOS PARTIDOS PARA VERIFICAÇÃO.

EQUIPAMENTO
O equipamento usado nas urnas, comprado em licitação, é padrão de mercado, fabricado pela empresa Procomp e comprado em licitação pública.
RISCO- Coana diz que, por ser compatível com o mercado, o sistema está tecnicamente exposto aos mesmos ataques que podem sofrer os computadores pessoais, inclusive vírus. Para o perito, o ideal seria o TSE desenvolver componentes específicos.
RESPOSTA- Imamura concorda e diz que a hipótese chegou a ser levantada no início do projeto da urna eletrônica, mas o custo inviabilizaria a modernização. Para reduzir os riscos, foram instalados sensores e modificadas partes do sistema para identificar digitalmente cada urna.
OUTRO LADO- Coana afirma que deveria haver preocupação maior com a segurança lógica do sistema.

VOTO SECRETO
A senha que libera a urna para votação é o número do título do eleitor.
RISCO- Segundo Coana, se os votos são registrados em um índice, existem meios de relacionar eletronicamente eleitores e votos.
RESPOSTA- Segundo Imamura, os votos são apenas somados. "O voto individual deixa de existir depois da confirmação". Este é o principal motivo pelo qual não há recontagem.
OUTRO LADO- Para Coana, a desconexão entre os votos e os eleitores não foi provada. A mesma unidade de processamento (a urna) identifica o eleitor e contabiliza o voto.


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