Nas primeiras eleições completamente digitais do mundo,
ao menos quatro cidades interioranas tiveram problemas sérios com a urna eletrônica.
Apesar de a urna ter acabado com diversas fraudes tradicionais, o processo digital impede a
recontagem de votos em caso de dúvida.
Em duas das cidades, o resultado foi oficializado com falhas; em outras duas, ambas no Maranhão,
os eleitores das seções que apresentaram problemas devem votar novamente no dia 29.
Em Horizontina (RS), que tem 13.585 eleitores e é a terra natal da modelo Gisele Bundchen,
uma falha técnica fez com que 170 votos para vereador fossem considerados perdidos.
Segundo a responsável pelo cartório eleitoral do município, a juíza Simone Brum Pias,
o problema ocorreu na hora da impressão do boletim de urna.
Com o auxílio de técnicos da Justiça Eleitoral, foram recuperados os votos para prefeito.
Muitos votos para vereador, entretanto, foram perdidos. Por orientação do TRE gaúcho,
os resultados foram oficializados considerando apenas os dados disponíveis.
O aparelho foi lacrado e enviado ao TRE, mas os 170 votos inacessíveis foram ignorados.
Segundo a juíza, não seria alterada a votação dos eleitos. Dois recursos foram movidos.
Um foi do advogado Ricardo Alexandre Sauer, candidato pelo PDT ao terceiro mandato na Câmara,
que não foi eleito por 42 votos de diferença em relação ao último classificado.
O outro foi movido pela Frente Popular, coligação composta por PT e PDT.
A assessoria de imprensa do TRE informou que os processos estão com o Ministério Público e
devem ser julgados na próxima quarta-feira. Segundo o TRE, a orientação de
não contabilizar os votos foi dada porque eles não podiam ser identificados.
Em Araçoiaba da Serra, a 112 km da capital paulista, houve falha na confecção do cartão
que leva as informações sobre os candidatos para as urnas. Os candidatos a vereador e a
legenda do PT do B não foram registrados. O problema foi detectado às 7h30,
na impressão da "zerésima" -relatório impresso para demonstrar que, partido a partido,
candidato a candidato, não havia votos depositados antes da eleição.
O PT do B não constava da lista em nenhuma urna da cidade.
Apenas às 10h30, segundo os partidos, houve uma instrução do juiz eleitoral
para que os presidentes das seções identificassem os eleitores que pretendiam votar
nos candidatos do PT do B para vereador e os instruíssem a voltar depois das 16h.
Na hora de votar, os eleitores do partido teriam sido instruídos a, na urna eletrônica,
anular ou votar em branco para vereador e votar para prefeito.
O voto para vereador dos eleitores do PT do B seria em uma cédula de papel.
Na apuração, as cédulas de papel foram desconsideradas.
A soma dos votos eletrônicos e os de papel para vereador era maior do que o
número de eleitores. Os mais de 200 eleitores que votaram na cédula tradicional
também votaram -nulo, branco ou de outra forma- na urna eletrônica.
No resultado oficial publicado pelo TSE, não há nenhum voto registrado
nem para os candidatos a vereador nem para a legenda do PT do B.
O Ministério Público encaminhou a questão para a Justiça Eleitoral.
Até o final da tarde de quarta-feira, não havia decisão.
Maranhão
O TRE do Maranhão determinou que haja nova votação, no dia 29, em uma seção eleitoral
São João Batista e em várias de Cândido Mendes, onde falhas técnicas tornaram o resultado indefinido.