Jornal do Voto-E

Recorte da     Folha de São Paulo
São Paulo, 31 de maio de 2002

Diferencial delta veste baiana?

Marta Salomon
da sucursal de Brasília

[ver texto original]

Tão cifrado quanto o título da coluna está o debate sobre a segurança do voto eletrônico. A dúvida é se o voto que o eleitor aciona nas urnas eletrônicas é o mesmo que aparece na contabilidade final da eleição. Ou se os dados podem ser fraudados no caminho, que passa pela criptografia (embaralhamento) montada por um braço da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.
De um lado, estão o presidente do TSE, Nelson Jobim, e o ministro Alberto Cardoso (Segurança Institucional). De outro, técnicos reunidos no Fórum do Voto Eletrônico.
Anteontem, Jobim levou ao Congresso o que deveria ser a pedra para enterrar o tal debate. Sua cruzada ganhara o apoio de uma auditoria contratada à Unicamp nos programas da eleição de 2000. Em suas conclusões, o laudo atesta que o sistema eletrônico de votação é seguro.
Acontece que os mesmos peritos defendem que os boletins de urna com o resultado das seções eleitorais sejam impressos antes da etapa da criptografia. Na falta de votos impressos para uma eventual recontagem -só haverá voto impresso em 4,6% das urnas-, esses boletins seriam o único material disponível para a conferência dos votos.
O general Cardoso diz que já é assim que funciona. Se fosse, por que a Unicamp faria a recomendação?
Na pré-história da urna eletrônica, maquininhas de calcular nas mãos de estudantes de jornalismo que conferiam um a um os boletins de urna (eu inclusive) desmontaram a tentativa de fraude da eleição de Leonel Brizola ao governo do Rio em 82. Na ocasião, um discreto ""diferencial delta" desviava votos para o candidato do PDS nos computadores da Proconsult, a empresa contratada pelo tribunal regional para somar o resultado. Ninguém foi punido.
Dias atrás, José Serra contestou o resultado de pesquisa de opinião e disse que seus publicitários se vestiriam de baianas caso Anthony Garotinho lhe tivesse tomado o segundo lugar na corrida ao Planalto.
Quem quiser contestar o resultado da eleição fará o quê?


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