Jornal do Voto-E

Recorte da     Folha de São Paulo
São Paulo, 31 de maio de 2002

Unicamp quer mudar voto eletrônico

Silvana de Freitas e Denise Madueño
da sucursal de Brasília

[ver texto original]

A Unicamp recomendou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que substitua o sistema de segurança do voto eletrônico, que hoje permite a participação indireta da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), por outro mais confiável. A recomendação está entre as oito sugestões para que a urna eletrônica deixe de ser uma caixa-preta.

A adoção dessa mudança depende do presidente do TSE, ministro Nelson Jobim. A Folha apurou que ele pretende observar a reação dos partidos para tomar a decisão, de caráter político.

A questão é polêmica porque há suspeitas na oposição de que a participação indireta da Abin na preparação do sistema eletrônico de votação represente um caminho para a fraude eletrônica.

O Cepesc (Centro de Pesquisas em Segurança das Comunicações), ligado à Abin, detém o controle de programa que protege os dados dos disquetes retirados da urna e levados ao local de totalização dos votos. Com o domínio de parte do funcionamento da urna, o Cepesc teria acesso aos outros programas e poderia, supostamente, manipulá-los para planejar fraudes, como o desvio de votos de um candidato para outro.

A proteção atual é por criptografia (embaralhamento dos dados do boletim de urna). A sugestão é a troca por sistema de assinatura digital, considerado mais confiável, mas de difícil execução.

O TSE informou que não acolherá nestas eleições outra sugestão da Unicamp a contratação de especialistas independentes para avaliar a preparação dos programas e a apuração dos votos. Segundo o tribunal, não há tempo.

Desde o ano passado, quando houve o escândalo do painel eletrônico do Senado, congressistas levantaram suspeitas sobre o sistema de segurança das urnas.

A Unicamp avaliou os programas utilizados nas eleições de 2000 e concluiu que há segurança no processo. Mesmo assim, fez sugestões para aumentar a fiscalização dos partidos e já estão sendo executadas, segundo o TSE.


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