Jornal do Voto-E

Recorte da     Agência Estado
Rio de janeiro, 06 de Junho de 2000

Especialista vê risco de fraude no voto eletrônico
Wilson Tosta

O engenheiro e especialista em segurança de dados Amílcar Brunazo Filho, um dos técnicos que ajudaram na redação do projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR) modificando o voto eletrônico, afirmou ontem que o atual sistema pode permitir a quebra do sigilo da votação e a ocorrência de fraudes. Segundo ele, além dos problemas técnicos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não dá aos partidos acesso total aos programas de votação, e a legislação que instituiu o voto virtual é omissa quanto à possibilidade de o pleito ser auditado para recursos, como ocorre nas eleições com cédulas de papel.

"A urna eletrônica tem um monte de vantagens -eliminou fraudes tradicionais, como troca de votos e apuradores que rabiscavam cédulas-, mas é vulnerável a novas burlas, como programas viciados, identificação dos votos e desvios de votação", afirmou Brunazo, que é formado em engenharia mecância pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com especialização em segurança de dados. Em 2000, a eleição municipal será a primeira da história do Brasil totalmente eletrônica. Serão 107 milhões de eleitores, usando 354 mil urnas para eleger 5.549 prefeitos e 57.316 vereadores.

Moderador do Fórum do Voto Eletrônico, Brunazo afirmou que atualmente, nas urnas eletrônicas, os partidos têm acesso apenas ao aplicativo (o programa usado pelos eleitores para votar). O TSE não lhes permite checar nem o software básico (o sistema operacional, sobre o qual `roda' o outro programa), nem a criptografia (que codifica os dados da votação para impedir fraudes quando forem copiados em disquete). Outra falha, para ele, é a digitação do número do eleitor no mesmo ambiente magnético em que ele vota: em tese, isso poderia ser o fim do voto secreto assegurado na Constituição.


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