Jornal do Voto-E

Recorte da     Folha de São Paulo
São Paulo, 29 de março de 2001

Perícia já
Clóvis Rossi

[Página original]

A extrema vulnerabilidade apontada em perícia no sistema de votação do Senado impõe que se faça uma outra perícia em um sistema muitíssimo mais importante. Refiro-me, é óbvio, à urna eletrônica que o Brasil adotou e generalizou para todos os municípios no pleito do ano passado. Um modelo que se tornou, de resto, uma espécie de orgulho da ciência e da arte tupiniquins, em especial depois do fiasco que revelou ser o modelo dos EUA.

Um grupo de cidadãos e peritos em informática, aliás, já vem chamando a atenção faz tempo para o que considera fragilidade do sistema adotado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O problema é que a bandeira foi erguida, politicamente, por Leonel Brizola (PDT), que muitas vezes tende ao exagero. Aí, o pessoal acha que Brizola exagera sempre e nem presta atenção ao que ele diz.

Não entendo rigorosamente nada de informática nem tenho nenhuma informação sobre a confiabilidade ou não do sistema eletrônico adotado no país. Mas a lógica mais elementar obriga as autoridades a desfazer eventuais dúvidas sobre a urna eletrônica tupiniquim.

É só raciocinar: o Senado faz poucas votações secretas. Menos ainda, portanto, são as votações que de fato têm impacto direto sobre o futuro político dos senadores. Se, mesmo assim, o sistema está cheio de furos, o que supor da urna eletrônica, que dita a vida e a morte (política, bem entendido) de candidatos à Presidência da República, ao Senado, à Câmara Federal, aos governos estaduais, às Assembléias Legislativas, às prefeituras e às Câmaras Municipais?

Será que, diante de tantos interesses, o sistema adotado é de fato à prova de maracutaias?

Só quem pode assegurar (ou provar o contrário) é uma perícia. Já.


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